quarta-feira, 22 de maio de 2013

Civilização zapoteca

Os zapotecas são um povo nativo do sul do México que, a partir do século IV, ocupou a região do México situada entre o istmo de Tehuantepec e Acapulco, fixando-se posteriormente em Oaxaca. Atualmente as línguas zapotecas constituem uma família de 15 línguas diferentes que se encontram em perigo de cair em desuso. Na época pré-colombiana foram uma das mais importantes civilizações mesoamericanas.

Origens 
Pouco se sabe sobre a origem dos zapotecas. Ao contrário da maioria dos povos indígenas da Mesoamérica, os zapotecas não tinham nenhuma tradição ou lenda sobre a sua migração, exceptuando a crença de que nasceram diretamente das rochas, árvores e jaguares. As provas arqueológicas indicam que esta cultura terá aparecido há cerca de 2500 anos. Cerca do ano 800 a.C., durante o período pré-clássico, os zapotecas estabeleceram-se nos vales centrais do atual estado de Oaxaca. Assim, enquanto Teotihuacan florescia no centro do México e as cidades maias no sudeste, Monte Albán, centro cerimonial construído no alto de uma colina, era a cidade mais importante da região de Oaxaca.
Os primeiros zapotecas eram sedentários, vivendo em povoados agrícolas. Adoravam um conjunto de deuses dos quais se destaca o deus da chuva, Cocijo, representado por um símbolo da fertilidade que combinava os símbolos da terra-jaguar e do céu-serpente, símbolos comuns nas culturas mesoamericanas. Os rituais religiosos, que por vezes incluíam sacrifícios humanos, eram regulados por uma hierarquia sacerdotal. Os zapotecas adoravam os seus antepassados e, crendo num mundo paradisíaco, desenvolveram o culto dos mortos. Um dos seus grandes centros religiosos era Mitla. A magnífica cidade de Monte Albán foi sede de uma civilização bastante desenvolvida, possivelmente há mais de 2000 anos.

Desenvolvimento cultural
São muitos e variados os achados arqueológicos na antiga cidade de Monte Albán; edifícios, estádios de jogo da bola, túmulos magníficos e mercadorias valiosas, incluindo joalharia em ouro finamente trabalhada. Monte Albán foi a primeira grande cidade do hemisfério ocidental e centro de um estado zapoteca que dominou grande parte do que é hoje o estado de Oaxaca.
Os zapotecas desenvolveram uma agricultura muito variada e para ter boas colheitas rendiam culto ao sol, à chuva, à terra e ao milho.
As mulheres e os homens do povo, que viviam nas aldeias, estavam obrigados a entregar como tributo milho, perus, mel e feijão. Para além de agricultores os zapotecas destacaram-se como tecelões e oleiros. São famosas as urnas funerárias zapotecas, vasilhas de barro colocadas sobre os túmulos. Os zapotecas, juntamente com os maias, foram um dos povos mesoamericanos que desenvolveu um completo sistema de escrita. Através de hieróglifos e outros símbolos gravados em pedra ou pintados nos edifícios e túmulos, combinaram a representação de idéias e sons.

Cultura
Monte Albán é um conjunto arquitetônico sagrado que faz parte dos costumes religiosos do dos povos mesoamericanos. Foi construída em várias plataformas escalonadas como pirâmides de diferentes alturas. Ali se faziam jogos de bola. Distingue-se de outros complexos arqueológicos da Mesoamérica, pela inclusão de edifícios provavelmente dedicados ao culto funerário.
Encontraram-se também em Monte Albán relevos gravados em estelas de pedra, representando indivíduos com deformidades corporais, conhecidos por danzantes. Há quem defenda tratar-se de um registo visual de patologias médicas.
Os códices mixteco-zapotecas permitiram conhecer a vida e os costumes da região. São documentos de escrita hieroglífica sobre pele de veado e profusamente coloridos.
Em Mitla, outro lugar com testemunhos deste povo, subsistem pinturas murais feitas sobre um fundo vermelho que representam a águia, os deuses noturnos e Cocijo. Em Hierve el Agua, os zapotecas criaram um sistema artificial de rega que é único na Mesoamérica.
Os zapotecas desenvolveram um calendário e um sistema logofonético de escrita que utilizava um carácter individual para representar cada sílaba da linguagem. Este sistema é considerado como a base de outros sistemas de escrita mesoamericanos desenvolvidos pelos olmecas, maias, mixtecas e astecas. Na capital asteca, Tenochtitlan, viviam artesãos zapotecas e mixtecas, cuja atividade era o fabrico de jóias para os Tlatoannis ou imperadores astecas, entre os quais o famoso Moctezuma II.
As relações do império asteca com o centro do México deram-se desde muito cedo, como é atestado pelas ruínas do bairro zapoteca de Teotihuacan e por uma casa em Monte Albán. Outros sítios arqueológicos pré-colombianos de origem zapoteca são Lambityeco, Dainzu, Mitla, Yagul, San José Mogote e Zaachila.

Arquitetura 

Organização do espaço
A característica arquitetural que primeiro salta à vista em Monte Albán é a praça principal, com dimensões aproximadas de 200 por 300 metros e com orientação norte-sul, ao longo da qual estão dispostas a maioria das construções do sítio; a este e oeste templos cerimoniais e a norte e sul as maiores construções do sítio denominadas plataforma norte e complexo da plataforma sul respectivamente. A plataforma norte parece ter sido o local mais importante do ponto de vista cerimonial e apresenta os restos de vários pilares que se supõem serviriam para suportar uma grande cobertura. Sob a praça principal foram escavados numerosos túneis que nuns casos conduzem de uma extremidade de um edifício à outra e noutros atravessam toda a praça principal.
Campo de jogo de bola
Campo De Jogo De Bola
Situado na parte norte da ala oriental da praça, encontra-se um campo de jogo da bola em forma de I com comprimento aproximado de 25 metros. Ao contrário dos recintos maias não apresenta argolas nas paredes e terá estado em tempos revestido de estuque.
Edifício j
Aquela que é talvez a construção mais enigmática do sítio é o chamado edifício J. Quando vista em planta esta estrutura em forma de seta não apresenta quaisquer ângulos retos. As suas características únicas levam alguns a afirmar que se trataria de um observatório astronômico. As paredes exteriores exibem baixos relevos de cabeças penduradas de modo invertido que possivelmente descrevem conquistas de cidades vizinhas.
Arte 

Estelas
Foram também encontradas centenas de estelas esculpidas das quais as mais antigas são conhecidas como los danzantes (os dançarinos) e que exibem figuras humanas contorcidas e com características marcadamente olmecas. Apesar de hoje em dia a idéia de se tratarem de dançarinos estar totalmente posta de lado, continua a não haver consenso sobre o que realmente representam, sendo uma das hipóteses consideradas a de que se tratem de representações de sacrifícios de prisioneiros de guerra.
Túmulos
São vários os túmulos encontrados em Monte Albán, sendo o mais famoso o túmulo nº 7, escavado em 1932 por Alfonso Caso e no qual foi encontrado um verdadeiro tesouro, incluindo peças em ouro com um peso total de 3.6 kg
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Artefatos
Entre os muitos artefatos encontrados em Monte Albán encontram-se peças de ouro, prata, turquesa, jade e osso. As peças em ouro demonstram que os artistas que as fizeram possuíam grandes conhecimentos sobre como trabalhar o ouro, alguns dos quais só seriam utilizados na Europa séculos depois. Grande parte deste espólio pode ser visto em museus, sobretudo no Museu Regional de Oaxaca.
Linguagem
O grupo de língua zapoteca é composto por mais de 60 variantes de zapoteca, assim como a linguagem Chatino intimamente relacionadas. A variante principal é istmo zapoteca, que é falado na planície costeira do Pacífico Sul Istmo de Tehuantepec de Oaxaca.
Religião
Embora os zapotecas são agora em grande parte católicos, algumas de suas crenças e práticas antigas, como o enterro dos mortos com objetos de valor, ainda sobrevivem. Os primeiros missionários entre os zapotecas eram Bartolomé de Olmeda, um Mercedária, e Juan Díaz, um padre secular, que foi morto pelos nativos em Quechula perto Tepeaca por ter "derrubado os seus ídolos".
Declínio
Monte Albán dominou os vales até finais do período clássico e, como outras cidades mesoamericanas, perdeu o seu esplendor entre os anos 700 e 1200. No entanto, a cultura zapoteca permaneceria nos vales de Oaxaca, Tabasco e Veracruz.
Vindos do norte, os mixtecas tomaram o lugar dos zapotecas em Monte Albán e Tikal e mais tarde em Mitla. Em meados do século XV, os zapotecas e os mixtecas lutaram para evitar o controlo dos astecas sobre as rotas comerciais em direção a Chiapas, Veracruz e Guatemala. Sob o comando do rei Cosijoeza, os zapotecas aguentaram um longo sítio na montanha rochosa de Giengola, mantendo o controlo sobre Tehuantepec bem como a autonomia política, através de uma aliança com os astecas até à chegada dos espanhóis.

Atualidades
Benito Juárez
Atualmente, os zapotecas dividem-se em dois grupos principais; o maior situa-se nos vales a sul da serra de Oaxaca e outro no sul do Istmo de Tehuantepec; existem ainda pequenos povoados em Veracruz, Guerrero e Chiapas. Todos juntos estes grupos totalizam cerca de 400 000 pessoas. Apesar de convertidos ao catolicismo, sobrevivem ainda algumas das suas práticas ancestrais, como o enterro dos mortos com dinheiro. Do ponto de vista lingüístico o zapoteca, faz parte da família de línguas de Oaxaca, estando entre as línguas indígenas do México com maior número de falantes.
O zapoteca mais famoso da era moderna foi o antigo presidente do México Benito Juárez.



FONTES:



 

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