sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Civilização Teotihuacan

Teotihuacan ou Teotihuacán, é um sítio arqueológico localizado a 40 km da Cidade do México, no México, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1987.
Teotihuacan foi a maior cidade conhecida da época Pré-Colombiana na América e o nome Teotihuacan é também usado para referir a civilização desta cidade dominante, a qual estendeu a sua influência sobre grande parte da Meso-América.
A cidade está situada no que é hoje o município de San Juan Teotihuacán, no Estado do México, México, 40 km a nordeste da Cidade do México, ocupando uma área total de 82.66 km².

Evidências Arqueológicas
Existem evidências arqueológicas de que Teotihuacan terá sido um local multi-étnico, incluindo Zapotecas, Mixtecas, Maias e mesmo Nahuas, por exemplo. Os Totonacas sempre afirmaram que haviam sido eles a construir esta cidade, o que era corroborado pelos Astecas. Na antiguidade esta cidade foi também conhecida pelo nome Tollan, nome este também usado séculos depois para designar a capital Tolteca, Tula. Considera-se que Teotihuacan é a sede da civilização Clássica no Vale do México (o período clássico vai de 292 a.C. até ao ano 900). O primeiro povoado data do ano 600 a.C. Foi um povoamento estratégico com acesso ao rico sistema lacustre do Vale do México, a nascentes de água próximas e numerosas, ao vale de Puebla e à costa de Veracruz. Nas imediações abundavam a obsidiana e a argila, matérias-primas para os seus utensílios.
Todos os diferentes povos que ocuparam as terras mexicanas eram oriundos do norte do continente americano. Alguns deles ficaram por aí, continuando as suas tradições de nómadas. Os que chegaram às terras mais a sul, as terras do México, tornaram-se sedentários e evoluíram em direção a um sistema cultural que teve o seu apogeu na civilização de Teotihuacan. Aqueles povos ergueram no meio da planície, montes de terra sem muros de retenção. Crê-se que estes montes foram murados por civilizações mais avançadas até à formação das pirâmides. O padre franciscano Bernardino Sahagún, chegado ao México em 1529 recolheu da boca dos nobres astecas muitas lendas e muita da história dos seus antepassados. É o padre Sahagún quem conta que ali se enterravam os principais senhores em túmulos de terra. Esses nobres eram canonizados como deuses e não morriam mas despertavam de um sonho e convertiam-se em espíritos ou deuses. Para os astecas tratava-se de um local lendário e acreditavam firmemente que aí havia sido criado o Quinto Sol, ou Quinto Mundo, ou época atual.

A expansão
Os historiadores concluíram que os fundadores desta civilização faziam parte de um povo do qual não se tem qualquer conhecimento. Estão certos de que não foram nem os olmecas nem os toltecas. Sabe-se, a partir dos dados obtidos a partir de escavações, que o mais antigo de Teotihuacan é anterior à cultura Tolteca. Aquela civilização organizava a sua religião por confrarias. Nos primeiros séculos da nossa era, Teotihuacan passou a ser um estado imperialista que se expandiu grandemente para lá das suas fronteiras. Durante o seu apogeu influenciou muito povos vizinhos e inspirou outras culturas tendo ainda legado conhecimentos científicos e culturais às sociedades posteriores. Por esta razão, é frequente encontrar por todo o território mexicano rastros e evidências desta cultura.
A expansão do império de Teotihuacan foi conseguida, não pelas armas, mas pelo uso sábio do comércio e da religião. Quando a cidade se tornou grande e poderosa, as casas passaram a ser edifícios de pedra substituindo cabanas de madeira e palha. A classe governante, a aristocracia, vivia num bairro rodeado por uma muralha, construído nas proximidades do que atualmente se designa por calçada dos Mortos. Os seus palácios eram ricamente decorados com pinturas murais onde se encontravam representadas figuras de determinados animais, deuses e outros personagens religiosos. O resto da população vivia em construções tipo apartamento de um só piso em que chegavam a juntar-se entre 60 a 100 indivíduos. A certa altura existiriam cerca de 2000 construções deste tipo. No centro tinham um pátio e um ou dois templo.

A cidade e a sociedade
  A partir sua configuração atual pode deduzir-se que o trabalho de planificação foi cuidadoso. Destacam-se quatro zonas ou eixos principais. De norte a sul estende-se a avenida principal, a calçada dos mortos. Recentemente foi descoberto, perpendicular a aquela, um outro eixo, constituído por dois arruamentos que atravessam a cidadela e que não são atualmente visíveis. Foram designadas pelos arqueólogos de Avenida Este e Avenida Oeste.A cidade era claramente dividida em bairros e centro cerimonial religioso, onde se podiam encontrar os edifícios de atividades administrativas e os grandes palácios, para além dos templos e grandes pirâmides.
Os sacerdotes tinham um papel muito destacado no que tocava à religião e administração. Os arquitetos e os artistas eram alvo de elevada consideração e possuíam oficinas especializadas. No que toca ao corpo militar desta sociedade conhece-se muito pouco. Sabe-se que não se tratava de uma sociedade militarista ainda que na época final apareceram, mais frequentemente, representações de militares nas pinturas murais.

Os monumentos

 

A Calçada dos Mortos
Conhecida também como a "Rua dos Mortos", foi o verdadeiro eixo central da cidade, bem como o seu centro cerimonial. Encontrava-se flanqueada pelas maiores construções de toda a América Central. A organização urbana desta grande cidade influenciou grandemente toda a América Central.
Esta avenida tem o seu início no recinto da pirâmide da Lua e termina num recinto a que os espanhóis do século XVI chamaram Cidadela. O seu comprimento é de 4 km, com uma largura total de 45 m. Está orientada 15º 30' a oriente do norte astronômico, como aliás ocorre com quase todas as construções aqui encontradas. Ao longo da rua encontram-se os edifícios mais importantes que albergavam templos, palácios e casas de personagens importantes. Além destes, também as duas grandes pirâmides, a Casa dos Sacerdotes, o palácio de Quetzalpapalotl (borboleta quetzal), o palácio dos Jaguares, a estrutura dos Caracóis emplumados, o templo de Quetzalcóatl, a cidadela e muitas outras edificações que no seu tempo eram de grande beleza, se situam junto a esta avenida. Num dos aposentos foram encontrados pisos construídos com duas camadas de mica com 6 cm de espessura, mais tarde cobertas com pavimento de tezontle.

As grandes pirâmides
Os seus núcleos estão feitos de adobe. Posteriormente foram revestidas com estuque e pedra, tendo sido acrescentado um friso adornado por relevos com motivos geométricos. Foram construídas como base para um templo que se situava na plataforma. Os conquistadores espanhóis, no século XVI, ainda chegaram a ver os ídolos do Sol e da Lua. Segundo eles, eram feitos de pedra coberta de ouro e o ídolo do Sol tinha uma cavidade no peito na qual se podia ver uma imagem do astro feita de fino ouro. Ainda segundo eles, eram também visíveis plataformas de mais de 2000 pirâmides secundárias, todas situadas ao redor das duas mais importantes, do Sol e da Lua.

Pirâmide do Sol
A Pirâmide do Sol é a maior das pirâmides da cidade de Teotihuacan, a segunda maior de todo o México e a terceira maior do mundo.
Construída no século II d.C., está no lado leste da Avenida dos Mortos, na metade norte da cidade, que é considerada o centro de Teotihuacan. Ela está voltada para o oeste de modo que no solstício de verão, o sol se põe exatamente na sua frente. Tem 225 metros de lado, 65 metros de altura e é a estrutura mais volumosa da cidade, com 2,5 milhões de toneladas de material.
A pirâmide é composta de cinco plataformas dispostas em degraus e uma escadaria cerimonial que conduz ao topo, onde existia um templo feito de madeira – utilizado para realizar sacrifícios e oferendas aos deuses – que foi destruído juntamente com a parte mais alta da pirâmide. Ela é feita de pedregulhos com o núcleo de adobes de terra e lama, recobertos de pedra e revestido de estuque pintado. Durante o auge de Teotihuacan, as pirâmides eram pintadas de vermelho brilhante e se destacavam na paisagem.
Estudos e escavações levados a cabo em 1971, conduziram à descoberta de uma grande caverna sob a estrutura da Pirâmide do Sol. A partir da caverna existem quatro portas dispostas como pétalas de flor, que levam a outras salas. O acesso à caverna é feito através de um poço com 7 m de altura situado junto às escadas na base da pirâmide.
Essa caverna é, na verdade, um túnel natural elaborado e alargado por antigas correntes de lava, devido a região onde Teotihuacan está localizada, sobre uma bacia natural numa extensa região de vulcões 

A Pirâmide da Lua Ainda que menor que a pirâmide do Sol, os seus vértices encontram-se à mesma cota, pois está construída em terreno mais elevado. Tem uma altura de 45 m. Junto a esta pirâmide foi encontrada uma estátua chamada deusa da Agricultura, que os arqueólogos acreditam ser da época Tolteca primitiva.Esta pirâmide situa-se bastante perto da pirâmide do Sol, fechando o lado norte do recinto da cidade. Desde a sua esplanada inicia-se o percurso pelo eixo principal, a Calçada dos Mortos.

A Cidadela
Situa-se no topo sul da calçada dos Mortos. Foi assim denominada pelos conquistadores espanhóis do século XVI, que julgavam que este espaço retangular era uma instalação militar. É constituída por um pátio com casas à sua volta, onde se supõe que viviam os sacerdotes e os governantes. No seu lado este encontra-se o templo de Quetzalcóatl.

Palácio de Quetzalpapálotl
Também designado da Borboleta Quetzal ou Borboleta emplumada. Situado a oeste da praça da pirâmide da Lua. Trata-se provavelmente do edifício mais luxuoso e um dos mais importantes da cidade. Terá sido a residência de um personagem notável e influente. Encontra-se amplamente decorado com murais muito bem preservados, sobretudo no que toca à cor vermelha que era a cor preferida desta civilização. As zonas baixas do edifício conservam a cor original. Tem um pátio, chamado pátio dos pilares; estes estão decorados com belos baixos-relevos. No centro pode ver-se a representação do deus Quetzalpapalotl com os símbolos que o relacionam com a água. Este palácio constitui um bom exemplo do que deveria ser a decoração teotihuacana.

Palácio dos Jaguares
Igualmente situado no lado oeste da praça da pirâmide da Lua. Em ambos lados da porta da entrada vêem-se duas imagens de felinos bastante grandes, com as cabeças emplumadas; com as patas sustentam uma concha de caracol, através da qual parecem soprar, como se de um instrumento musical se tratasse. No dorso e na cauda são visíveis incrustações de conchas do mar. Na bordadura da parte superior do mural podem ver-se os símbolos do deus da chuva e num glifo vêem-se, como decoração, plumas que representam o ano solar teotihuacano.

Edifício dos caracóis emplumados
Trata-se da estrutura mais antiga de todas as que formam a cidade de Teotihuacan. O acesso é feito por um túnel situado por baixo do Palácio de Quetzalpapálotl. Parece ter pertencido a um templo ricamente decorado. Podem ver-se ali imagens simbólicas de instrumentos musicais em forma de caracol, com boquilhas e elegantes plumas. Na parte inferior da estrutura há uma plataforma profusamente decorada com um grande número de aves que se pensa serem papagaios. Destes brota água em abundância. Segundo os arqueólogos é um dos templos mais formosos da zona.

O templo de Quetzalcóatl
Encontra-se a uma certa distância das pirâmides, na calçada dos Mortos, tendo sido descoberto em 1920. Encontrava-se até então sob uma pirâmide de paredes lisas, sem qualquer decoração.
Ao descobrir Teotihuacan, os toltecas adoptaram a cidade como sua e como cidade santa. Passaram a enterrar ali os seus grandes senhores, tendo sido por eles construído este templo. Foi mandado construir pelo rei Mitl (770- 829). Quando foi descoberto, veio à luz a sua decoração de mosaicos de pedras, as cabeças e símbolos divinos do deus Tláloc (o deus da chuva e senhor do trovão e divindade do vale do México) e do deus Quetzalcóatl (a estrela da manhã, a serpente emplumada, gênio nacional). Este último deus seria adoptado pelos astecas, que acreditaram vê-lo na figura de Hernán Cortés.
Encontrava-se também no templo um artefato muito antigo em forma de , razão pela qual nos tempos anteriores à conquista espanhola este templo era conhecido como o templo da rã. Conhece-se este fato graças à descrição feita nas suas crónicas por uma personagem muito erudita de finais de 1600 chamado Ixtlilxochitl, cultíssimo descendente dos reis de Texcoco.
Segundo ele, A rã do templo construído pelo rei Mitl em Teotihuacan, era de esmeralda, tendo sido encontrada pelos espanhóis, que deram boa conta dela. Efetivamente, a rã era um animal associado aos deuses da água; há mesmo especialistas que asseguram que Tláloc representa este animal. Os toltecas consideravam-na a deusa da água. As rãs anunciavam as chuvas. Em algumas festividades ofereciam estes pequenos animais aos deuses, depois de assados. Os mazatecas comiam as rãs e cobras vivas durante a celebração de uma festividade chamada atamalcualiztli.
Na crônica referida, Ixtlilxóchiltl acrescenta que numa montanha a este de Texcoco, chamada monte de Tláloc, havia uma grande estátua deste deus, talhada em lava de cor branca. Trata-se da estátua descoberta no século XX e que atualmente se encontra na entrada do Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, pesando 300 toneladas. Este templo é de um gosto e cultura muito diferentes da dos monumentos primitivos de Teotihuacan.

As máscaras
 Teotihuacan é a cidade dos deuses e também a cidade dos mortos, aqueles que passam a ser teutl, isto é, heróis divinizados. Por estas razões, ao enterrar aqui pessoas notáveis, supunha-se que estas tinham categoria suficiente para converter-se em teutl; mas para que assim fosse era necessário que fizessem a passagem levando consigo uma máscara, pois os deuses nunca mostram a sua cara, cobrindo-a com uma máscara. Por este motivo os grandes senhores enterrados em Teotihuacan foram sempre providos de máscaras, podendo assim aceder a uma existência heróica além-túmulo.
Em todas as necrópoles pré-cortesianas foram encontradas, sobre os cadáveres, máscaras de vários tipos e de grande tamanho, nunca menor que o tamanho natural de uma cara. Para os povos índios do sudoeste dos Estados Unidos, falar de máscaras era falar de deuses. Na cultura grega da antiguidade também se utilizavam máscaras no teatro, quando a representação se convertia em ato religioso. Para os povos orientais, a máscara sempre teve um poder mágico. Mesmo no teatro italiano do Renascimento os personagens protagonistas por excelência, Pierrot e Arlequim, usavam máscara, como representação mais divina que humana, enquanto que os outros personagens (Colombina, Polichinelo), não a usavam.
No entanto, as máscaras de Teotihuacan são de uma beleza excepcional. Nunca reproduzem os traços especiais de cada indivíduo mas sim os traços gerais de cada povo. As suas linhas são corretas e mostram o retrato físico e espiritual de uma estirpe. Em Teotihuacan foram capazes de talhar estas máscaras em pedras duríssimas e de grande qualidade, escolhidas cuidadosamente de acordo com a sua cor natural e iridescências apresentadas. As máscaras que haviam sido feitas de pedra menos dura e de pior qualidade foram posteriormente estucadas e pintadas. Outras eram revestidas de mosaicos de turquesas, coral e obsidiana.


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